O que diferencia os enfermeiros em relação aos restantes profissionais de saúde? Sendo que os enfermeiros trabalham lado a lado com outros profissionais, o que torna únicos os seus cuidados? Abreviando... O que distingue os cuidados de enfermagem e os torna tão importantes?
Penso que na base de uma qualquer resposta a estas questões deverá constar, necessariamente, a formação do enfermeiro que, aliada à proximidade na prestação de cuidados que a profissão de enfermagem exige, acaba por se assumir como ponto de partida (ou núcleo) nesta reflexão.
A formação dos profissionais de enfermagem incide fortemente na pessoa enquanto um todo biológico, psicológico, sociocultural... Os enfermeiros aprendem assim a olhar cada pessoa enquanto ser único e com necessidades próprias, dedicando-se à prestação de cuidados individualizados, que partem de uma observação atenta e constante. Isto, em conciliação com os conhecimentos anatomo-fisiológicos, patológicos, farmacológicos, técnicos, etc., acaba por conferir uma bagagem que faz desta uma profissão singular e, em muitos aspectos, privilegiada.
Para além dos conhecimentos científicos, resultado da formação contínua, que permitem ao enfermeiro agir sempre com conhecimento de causa, a filosofa de actuação em enfermagem assenta fortemente na humanização dos cuidados. Nesta ordem de pensamentos, para o enfermeiro qualquer actuação vai para além do “tratar”. Passa por ouvir, compreender, acompanhar, cuidar... O centro de todo o processo será algo mais que uma doença (ou problema), focando-se na PESSOA com necessidade de cuidados específicos a fim de alcançar o máximo de bem-estar.
Sumariamente, não diria que os enfermeiros tratam ou executam, diria antes que os enfermeiros cuidam... e mesmo nas “alturas em que a ciência médica nada mais tem para oferecer a um doente... este é o momento “único” em que os enfermeiros têm tudo para oferecer: conforto, compaixão, atenção, compreensão e empatia” (1).
(1) HAMMERSCHMIDT, Rosalie; MEADOR, CIiftin K. (2001) – O Pequeno Livro de Regras do Enfermeiro. Lusodidacta. ISBN 972-95399-6-0. p. 347.
Aqui fica uma visão sobre a Enfermagem, bastante pessoal é certo, pelo que haverão concerteza várias outras opiniões concordantes ou discordantes... que serão bem-vindas neste espaço de partilha e reflexão...
Cumprimentos... até ao próximo post.
5 comentários:
Sara, revejo-me bastante nas palavras que escreveste, faz-me lembrar os primeiros dias de faculdade, em que o nosso espirito é preenchido por imensas ideas, sabedoria, pensamentos e opiniões de todos os enfº's que nos dão aulas, talvés a visão mais bonita e perfeita da enfermagem. Mas será que é a visão REAL da enfermagem em Portugal?
Coloco esta questão porque sempre que me dirigo a um hospital, centro de saúde, o que for, raramento vejo expresso aquilo que aprendo na escola, aquilo que eu acredito ser o mais correcto, aquilo que deveria ser o agir ético e profissional de cada enfermeiro, e quando me questiono sobre o futuro da enfermagem em Portugal, o cenário piora!
Com a crescente formação de enfermeiros, e com a diminuição dos serviços em que os próprios podem exercer a sua profissão, resta-me a esperança que quando eu própria acabar o curso esta situação esteja normalizada, ou caso contrário o futuro espera-me no estrangeiro!
Será que a enfermagem que se exerce na maioria dos locais é a enfermagem em que eu, tu, e tantas outras pessoas acredita ser a profissão mais bonita do mundo? Sinceramente, e não querendo ser pessimista, cada vez mais a enfermagem vai decrescer, vão ser passadas capacidades e responsabilidades dos enfermeiros para outros técnicos, porque o "trabalho" que é desempenhado por muitos dos enfermeiros, pode de facto ser desempenhado por outros menos qualificados, e isto só aconteçe porque os cuidados são mal prestados e incompletos!!~
Contudo parabéns pela tua visão magnifica da enfermagem, e acredita que é espantoso quando vemos a nossa opinião e ambição estampada nos nossos futuros colegas!
Olá Pinto e, desde já, obrigado pela tua partilha de ideias... com as quais obviamente não n posso deixar de concordar, até porque apesar da minha curta experiência na área já tive oportunidade de contactar (muitas vezes!!) com os cenários q referiste. É facilmente verificável q, tal como dizes, a actual ‘realidade’ de enfermagem enfrenta situações que passam pelo descurar dos cuidados, falta de profissionalismo e, muitas vezes, pela falta de ética e até de respeito pelos outros. Quantas vezes é q se verifica q os enfermeiros no desempenho das suas funções optam pela opção mais rápida e cómoda para si próprios em detrimento daquilo q seria o melhor para o doente? Com q frequência é q os enfermeiros delegam as suas tarefas (obrigações) aos auxiliares ou aos colegas dos turnos seguintes, n por falta de tempo ou recursos, mas apenas por questões de comodismo, desinteresse ou desmotivação? Sem dúvida q são realidades bastante comuns!! Agora, tão importante como o constatar destes factos é perceber em q contexto ocorrem... Acima de qualquer profissional existe uma PESSOA com ideais e personalidade própria q necessita de estar bem consigo mesmo para estar bem com os outros e com aquilo q faz, alguém q necessita de ver RECONHECIDO o seu trabalho... Se é verdade q as três primeiras condições podem traduzir grandes diferenças na forma de encarar a profissão, é igualmente incontestável q a falta de recolhimento face ao trabalho dos enfermeiros (visível nas más condições de trabalho, na baixa remuneração, etc...) é causa de grande descontentamento q acaba por se repercutir num desempenho q deixa muito a desejar... Já nem me debruço aqui sob falta de condições sob a qual muitos enfermeiros têm q desempalhar as suas funções (mas o q esperar, por exemplo, de um serviço de medicina com capacidade para 30 internamentos e uma ocupação de 100%, em q os doentes apresentam níveis de dependência total ou bastante elevados, e onde se encontram apenas 4 enfermeiros, 1 das quais grávida, no turno da manhã?? )... Logicamente q se alguém desempenha funções ‘debaixo’ de grande insatisfação, esta acaba por ter repercussões nos cuidados prestados... Porém, é fundamental não esquecer q isto não ocorre apenas em enfermagem, ocorre em qualquer contexto em que as pessoas se sintam descontentes, desmotivadas ou mesmo desrespeitadas frente àquilo que fazem. Tal como existem advogados, juízes, médicos, economistas, professores... q rapidamente se esquecem (independentemente da razão) dos princípios éticos e morais e das obrigações da profissão q escolheram, os enfermeiros n são excepção. Porém, e apesar de todo, assim como cada profissão têm algo q a caracteriza, enfermagem não foge à regra... e foi neste contexto, e não com o intuito de ‘pintar um quadro cor-de-rosa’, q apresentei o q considero caracterizar a essência da profissão de enfermagem.
Quanto ao futuro da enfermagem em Portugal... bem, isso daria uma outra discussão. Mas posso adiantar q, na minha opinião, muito do q ocorre na actualidade deve-se aos próprios enfermeiros q se submetem, sem qualquer reacção (contestação), às vontades e imposições de terceiros. A falta de união entre os profissionais e o desrespeito para consigo próprios são outro dos factores q em nada contribuem para o devido reconhecimento e crescimento da profissão... penso q enquanto não se verificarem alterações a estes níveis dificilmente serão verificadas as ‘tais’ melhorias tão ansiadas em enfermagem...
Ola, eu sou aluna da eslav e estou no 12º ano. A profissao q desde sempre pensei seguir é enfermagem, mas todos me dizem q é um trabalho mt cmplicado. desde sempre foi o meu sonho, mas cofesso que agora estou cm algum receio.. como são as coisas na faculdade?
Para já, um obrigado por ter visitado o blog, futura colega (esperemos;)) de Linda a velha. Segundo ponto, se é isto que sonhaste e desejesas, vais ter que lutar por este curso e esta profissao. É uma profissão que exige muito de uma pessoa. A nivel academico, terás muitos trabalhos, muitos exames, estagios, alegrias e tristezas, exigem te muito, mas se houver demonstraçao de trabalho arduo e estudo, verás proveitos. Tens cadeiras como anatomia, psicologia, sociologia, pedagogia, bioquimica, estatistica (sim tas a ler bem, serve t para o componente de investigaçao do enfermeiro), diversas patologias e enfermagem, enfermagem comunitaria e saude mental, etc. O 1o ano é sempre o mais dificil, o ano de adaptaçao, é um ano mais geral em que aprendes de tudo um pouco. Os seguintes anos (3), sao anos onde abordaras temas como a geriatria, a medico-cirurgica, saude-materna e obstetricia, pediatria e saude infantil, saude mental, enfermagem comunitaria, urgencias e cuidados intensivos. Vais estagiar em contexto hospital e de centro de saude (podes ir a domicilios), talvez tambem n1 lar.
A nivel profissional é tambem uma profissao que pede muito de nós, sacrificio, gosto e orgulho pelo que fazemos, etc. Terás obviamente que estabelecer relaçao para comunicar com a pessoa e mais importante ajudala, teras tecnicas para fazer (por exemplo injecçoes, pensos, banhos, etc), teras muito ensino para ideializar e colocar em pratica por exemplo no ambito da alta ou no centro de saude para uma populaçao alvo (educaçao para a saude), investigaçao, formaçao profissional, projectos, programas,etc
Deixo te aqui este 2 sites da ordem para ficares ainda mais esclarecida sobre a profissao:
http://www.ordemenfermeiros.pt/index.php?page=168
http://www.ordemenfermeiros.pt/index.print.php?page=104&view=highlights:Print&id=78
E o site da ESEL, onde indo a qualquer um dos polos, poderas ter ideial do programo curricular que vigora (mas deixara de vigorar para o proximo ano lectivo, mas não alterara muito):
www.esel.pt
Deixo tambem uma frase que marca muito o nosso curso que a enfermagem não só uma ciencia, é tambem ela uma arte. A arte de bem cuidar das pessoas.
Saudaçoes academicas deste, espero vir a ser, futuro colega ;)
Obrigada pelo esclarecimento ;) neste momento estou cm uma media de 15, ainda nao chega, mas pd ser q suba mais um pouquito!;) boa sorte no teu percurso académico!
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