sábado, 26 de janeiro de 2008

Enfermagem - a singularidade de uma profissão

O que diferencia os enfermeiros em relação aos restantes profissionais de saúde? Sendo que os enfermeiros trabalham lado a lado com outros profissionais, o que torna únicos os seus cuidados? Abreviando... O que distingue os cuidados de enfermagem e os torna tão importantes?

Penso que na base de uma qualquer resposta a estas questões deverá constar, necessariamente, a formação do enfermeiro que, aliada à proximidade na prestação de cuidados que a profissão de enfermagem exige, acaba por se assumir como ponto de partida (ou núcleo) nesta reflexão.

A formação dos profissionais de enfermagem incide fortemente na pessoa enquanto um todo biológico, psicológico, sociocultural... Os enfermeiros aprendem assim a olhar cada pessoa enquanto ser único e com necessidades próprias, dedicando-se à prestação de cuidados individualizados, que partem de uma observação atenta e constante. Isto, em conciliação com os conhecimentos anatomo-fisiológicos, patológicos, farmacológicos, técnicos, etc., acaba por conferir uma bagagem que faz desta uma profissão singular e, em muitos aspectos, privilegiada.

Para além dos conhecimentos científicos, resultado da formação contínua, que permitem ao enfermeiro agir sempre com conhecimento de causa, a filosofa de actuação em enfermagem assenta fortemente na humanização dos cuidados. Nesta ordem de pensamentos, para o enfermeiro qualquer actuação vai para além do “tratar”. Passa por ouvir, compreender, acompanhar, cuidar... O centro de todo o processo será algo mais que uma doença (ou problema), focando-se na PESSOA com necessidade de cuidados específicos a fim de alcançar o máximo de bem-estar.

Sumariamente, não diria que os enfermeiros tratam ou executam, diria antes que os enfermeiros cuidam... e mesmo nas “alturas em que a ciência médica nada mais tem para oferecer a um doente... este é o momento “único” em que os enfermeiros têm tudo para oferecer: conforto, compaixão, atenção, compreensão e empatia” (1).


(1) HAMMERSCHMIDT, Rosalie; MEADOR, CIiftin K. (2001) – O Pequeno Livro de Regras do Enfermeiro. Lusodidacta. ISBN 972-95399-6-0. p. 347.


Aqui fica uma visão sobre a Enfermagem, bastante pessoal é certo, pelo que haverão concerteza várias outras opiniões concordantes ou discordantes... que serão bem-vindas neste espaço de partilha e reflexão...

Cumprimentos... até ao próximo post.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Processo de Bolonha: qual o futuro da Enfermagem?


Boa noite, caros leitores. Estreio-me neste projecto que pretende levar-vos a actualidade da Enfermagem em Portugal. Hoje vou falar-vos sobre um assunto que está na ordem do dia: como o Processo de Bolonha interfere no Curso de Licenciatura em Enfermagem.

Primeiro, põe-se a seguinte questão: o que é o Processo de Bolonha? Bem, o chamado Processo de Bolonha começou em Maio de 1998, com a Declaração de Sorbonne e oficializou-se com a Declaração de Bolonha em Junho de 1999, com o objectivo de que um estudante de um qualquer estabelecimento de Ensino Superior possa iniciar a sua formação académica, prosseguir os seus estudos, finalizar a sua formação superior e adquirir um diploma europeu reconhecido em qualquer estado-membro, estando cada um destes homogeneizados em termos de conteúdos e duração de cada curso.

Este processo pressupõe a adopção de um sistema que assenta basicamente em 2 ciclos:
- um primeiro, que em Portugal dá o grau de licenciado, com uma duração entre 6 e 8 semestres;
- um segundo, que em Portugal dá o grau de mestre, com uma duração entre 3 e 4 semestres.

Outra das inovações é a introdução de um sistema de créditos académicos (ECTS - European Credit Transfer System), que são não apenas transferíveis, mas também acumuláveis, independentemente do estabelecimento de ensino frequentado e do país de localização do mesmo. Como exemplo, um semestre = 30 créditos ECTS, 2 semestres = 60 ECTS, e assim sucessivamente. Ou seja, licenciaturas entre 180 e 240 créditos ECTS, e mestrados entre 90 e 120 créditos ECTS.

Para Portugal e muitos dos países europeus, a introdução deste sistema de créditos obriga a uma alteração dos paradigmas educacionais:
- o processo de formação deixa de estar centrado no ensino e passa a estar centrado na aprendizagem, ou seja, no aluno e a carga de trabalho dos alunos neste sistema consiste no tempo necessário para completar todas as actividades de aprendizagem planeadas: aulas teóricas, seminários, estudo individual, preparação de projectos, exames, etc.;
- os métodos de aprendizagem devem proporcionar o desenvolvimento, não só de competências específicas, mas também de capacidades e competências horizontais, tais como: aprender a pensar, o espírito crítico, a capacidade para analisar situações e resolver problemas, as capacidades comunicativas, a liderança, a inovação, a integração em equipa, a adaptação à mudança, entre outras;
- o papel do professor vai além do espaço físico da sala de aula e passa a desempenhar funções de orientador, de apoio e de suporte;
- as áreas das instituições tais como bibliotecas, laboratórios, etc. são considerados espaços de aprendizagem;
- o acesso à informação torna-se relevante - escrita, oral, Internet, outras fontes - e a capacidade de a seleccionar, organizar e sintetizar.

Em Portugal, o Processo de Bolonha já está implementado em várias estabelecimentos com o Curso de Licenciatura em Enfermagem: Escola Superior de Saúde de Beja, Escola Superior de Saúde de Leiria, Escola Superior de Saúde de Portalegre e Escola Superior de Enfermagem de Santarém, entre outras. Agora, está em procedimento a introdução em Lisboa (Escola Superior de Enfermagem de Lisboa), no Porto (Escola Superior de Enfermagem do Porto) e em Coimbra (Escola Superior de Enfermagem de Coimbra). Está previsto, segundo as últimas informações, que será implementado já no ano lectivo de 2008/09, pelo que os alunos que entrarem para o ano já deverão trabalhar pelos métodos de Bolonha. Mais, é possível que um aluno que tenha entrado neste ano de 2007/08 e a trabalhar com o plano curricular actual, para o ano passe a trabalhar com Bolonha e veja o plano completamente remodelado, assim como os métodos de trabalho.

No meu caso, que sou aluno do 1º ano na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa - Pólo Francisco Gentil, para o ano posso vir a trabalhar segundo Bolonha, o que está a causar polémica porque estamos a começar a trabalhar com um programa curricular, que pode ser substituído por outro de acordo com os métodos de Bolonha. Há, inclusive, pessoas que já estão a procurar outros cursos, devido ao rumo que isto está a tomar. E aqui já estou a ir de encontro ao título deste artigo. Com todas estas incertezas, qual é o futuro da Enfermagem em Portugal? Mais, acabo de receber a informação que foi divulgado no site da Ordem dos Enfermeiros -
http://www.ordemenfermeiros.pt/images/contents/uploaded/File/sededestaques/LeiBases_Maio06.pdf - que temos que ter o 2º ciclo para podermos exercer a nossa actividade profissional.

É no meio de todas estas dúvidas que fica a questão inicial... qual o futuro da Enfermagem em Portugal? Aguarda-se uma resposta clara...

Deixem a vossa opinião sobre este assunto, todas as opiniões são importantes =)

Saudações cordiais deste estudante de Enfermagem. Pedro Almeida

Fontes: - o site já referido anteriormente