quinta-feira, 27 de março de 2008

Qual o rumo da enfermagem?

Qual o rumo que a profissão vai tomar?

É esta a questão que tem sondado cada enfermeiro ou estudante de enfermagem que esteja minimamente interessado na profissão (ainda há os que não o estão!). Para chegar à resposta, necessito de expor o que levou ao estado actual da nossa futura profissão. A enfermagem teve o seu ponto alto durante a década de noventa, graças a muito esforço e a anos e anos de luta para que as competências desta arte-ciência fossem definidas e conseguidas. Assim, os profissionais desta área eram muito procurados na época, devido ao seu déficit numerário, além de que em certas condições era uma profissão muito bem remonerada. E é aqui que surgem duas questões: a criação de inúmeras escolas privadas e o duplo e, por vezes, triplo emprego.
Obviamente, a procura de profissionais de enfermagem era muita, o que foi uma oportunidade de negócio para muitos. Criaram-se inúmeras escolas de enfermagem privadas, com inúmeras vagas (o que levou a um certo “overflow” de licenciados a sair para o mercado de trabalho por ano). Ainda hoje são abertas mais vagas para as escolas de enfermagem, quando assistimos a uma incrível precariedade de emprego. Não tendo nada contra as escolas privadas, devo admitir que é um número excessivo tanto de escolas, como de alunos (!),e aqui temos que atribuir culpas ao Ministério da ciência, tecnologia e ensino superior e à nossa estimada Ordem, que permitiram que as ditas escolas privadas brotassem como cogumelos.
Por outro lado, não podemos deixar de analisar o fenómeno do duplo emprego. É o que faz com que o enfermeiro tenha uma remuneração mais elevadas, e é o fenómeno causador ou, pelo menos, propulsionador de vários dos problemas existentes na profissão de enfermagem. Primeiramente, podemos notar que um enfermeiro que faz turnos duplos (ou triplos até!) não é capaz de prestar os melhores cuidados de enfermagem à pessoa, à família ou à comunidade; há um certo desleixe (certamente derivado do cansaço excessivo ao qual se auto-submetem) por parte dos enfermeiros que praticam este tipo de actividade. Assistimos à transformação de muitos enfermeiros em meros seres técnicos quando a arte da enfermagem é tão mais do que apenas técnicas. E o que acontece às competências definidas pelo REPE? Desaparecem? Talvez não, mas é um facto que muitas delas são delegadas por nós a outros. Então se as nossas competências são delegadas a outros, se fazemos apenas 30% do que seria suposto, se temos tempo para fazer turnos duplos, para que é que são necessários 15 enfermeiros num serviço? Exacto, não são! Deveriam ser, mas infelizmente pagar 7 ordenados em vez de 15 serve muito bem à entidade patronal. E assim, apesar de serem necessários 30000 mil enfermeiros (segundo a nossa estimada Ordem) assistimos a esta precariedade de emprego, a esta falta constante de emprego, entre outras coisas.
Não é um bom rumo a seguir, estamos a assistir à produção em massa de enfermeiros (quase como uma linha de montagem do modelo de Ford!), à enorme precariedade no emprego, e à constante perda de competências da enfermagem para outros profissionais. Estamos a ser desmembrados e a culpa é nossa! Cabe-nos a nós mudar esta situação o mais depressa possível, porque o futuro é amanhã mas tem que ser construído hoje. Temos que nos unir para conseguir verncer esta batalha! Porque (e agora respondendo à pergunta que pus no início), ou lutamos ou dentro de 50 anos a profissão de enfermagem estará total e completamente extinta..



Espero que tenham gostado e não se esqueçam deixem a vossa opinião!



Saudaçoes a todos