
Boa noite, caros leitores. Estreio-me neste projecto que pretende levar-vos a actualidade da Enfermagem em Portugal. Hoje vou falar-vos sobre um assunto que está na ordem do dia: como o Processo de Bolonha interfere no Curso de Licenciatura em Enfermagem.
Primeiro, põe-se a seguinte questão: o que é o Processo de Bolonha? Bem, o chamado Processo de Bolonha começou em Maio de 1998, com a Declaração de Sorbonne e oficializou-se com a Declaração de Bolonha em Junho de 1999, com o objectivo de que um estudante de um qualquer estabelecimento de Ensino Superior possa iniciar a sua formação académica, prosseguir os seus estudos, finalizar a sua formação superior e adquirir um diploma europeu reconhecido em qualquer estado-membro, estando cada um destes homogeneizados em termos de conteúdos e duração de cada curso.
Este processo pressupõe a adopção de um sistema que assenta basicamente em 2 ciclos:
- um primeiro, que em Portugal dá o grau de licenciado, com uma duração entre 6 e 8 semestres;
- um segundo, que em Portugal dá o grau de mestre, com uma duração entre 3 e 4 semestres.
Outra das inovações é a introdução de um sistema de créditos académicos (ECTS - European Credit Transfer System), que são não apenas transferíveis, mas também acumuláveis, independentemente do estabelecimento de ensino frequentado e do país de localização do mesmo. Como exemplo, um semestre = 30 créditos ECTS, 2 semestres = 60 ECTS, e assim sucessivamente. Ou seja, licenciaturas entre 180 e 240 créditos ECTS, e mestrados entre 90 e 120 créditos ECTS.
Para Portugal e muitos dos países europeus, a introdução deste sistema de créditos obriga a uma alteração dos paradigmas educacionais:
- o processo de formação deixa de estar centrado no ensino e passa a estar centrado na aprendizagem, ou seja, no aluno e a carga de trabalho dos alunos neste sistema consiste no tempo necessário para completar todas as actividades de aprendizagem planeadas: aulas teóricas, seminários, estudo individual, preparação de projectos, exames, etc.;
- os métodos de aprendizagem devem proporcionar o desenvolvimento, não só de competências específicas, mas também de capacidades e competências horizontais, tais como: aprender a pensar, o espírito crítico, a capacidade para analisar situações e resolver problemas, as capacidades comunicativas, a liderança, a inovação, a integração em equipa, a adaptação à mudança, entre outras;
- o papel do professor vai além do espaço físico da sala de aula e passa a desempenhar funções de orientador, de apoio e de suporte;
- as áreas das instituições tais como bibliotecas, laboratórios, etc. são considerados espaços de aprendizagem;
- o acesso à informação torna-se relevante - escrita, oral, Internet, outras fontes - e a capacidade de a seleccionar, organizar e sintetizar.
Em Portugal, o Processo de Bolonha já está implementado em várias estabelecimentos com o Curso de Licenciatura em Enfermagem: Escola Superior de Saúde de Beja, Escola Superior de Saúde de Leiria, Escola Superior de Saúde de Portalegre e Escola Superior de Enfermagem de Santarém, entre outras. Agora, está em procedimento a introdução em Lisboa (Escola Superior de Enfermagem de Lisboa), no Porto (Escola Superior de Enfermagem do Porto) e em Coimbra (Escola Superior de Enfermagem de Coimbra). Está previsto, segundo as últimas informações, que será implementado já no ano lectivo de 2008/09, pelo que os alunos que entrarem para o ano já deverão trabalhar pelos métodos de Bolonha. Mais, é possível que um aluno que tenha entrado neste ano de 2007/08 e a trabalhar com o plano curricular actual, para o ano passe a trabalhar com Bolonha e veja o plano completamente remodelado, assim como os métodos de trabalho.
No meu caso, que sou aluno do 1º ano na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa - Pólo Francisco Gentil, para o ano posso vir a trabalhar segundo Bolonha, o que está a causar polémica porque estamos a começar a trabalhar com um programa curricular, que pode ser substituído por outro de acordo com os métodos de Bolonha. Há, inclusive, pessoas que já estão a procurar outros cursos, devido ao rumo que isto está a tomar. E aqui já estou a ir de encontro ao título deste artigo. Com todas estas incertezas, qual é o futuro da Enfermagem em Portugal? Mais, acabo de receber a informação que foi divulgado no site da Ordem dos Enfermeiros -
http://www.ordemenfermeiros.pt/images/contents/uploaded/File/sededestaques/LeiBases_Maio06.pdf - que temos que ter o 2º ciclo para podermos exercer a nossa actividade profissional.
É no meio de todas estas dúvidas que fica a questão inicial... qual o futuro da Enfermagem em Portugal? Aguarda-se uma resposta clara...
Deixem a vossa opinião sobre este assunto, todas as opiniões são importantes =)
Saudações cordiais deste estudante de Enfermagem. Pedro Almeida
Fontes: - o site já referido anteriormente